sexta-feira, 22 de abril de 2011

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA NÃO PUBLICADA


O autor com 13 anos -1952

  O Estado Novo  veio criar criar o ensino escolar obrigatório tendo por isso eu sido beneficiado; Os meus primos, filhos do meu tutor, não chegaram a completar o Ensino Primário ; Os meus irmãos  não frequentaram a escola primária  pelo que a necessidade os obrigou a aprender a ler e escrever,    na adolescência, por conta própria.
   Eu fui para a escola que ficava a cerca de um quilómetro de distância com a dupla sentença: O primeiro ano que chumbares sais da escola e na hora de almoço tens de abrir o gado para o mato porque ele também precisa de comer .   Lembro que a escola  ficava junto à encosta onde eu tinha de ir , na hora do recreio, apascentar o gado.
  Eu era um estudante polivalente; Enquanto comia o pão com    metade de uma sardinha tinha que ir abrir o gado enquanto os meus colegas se deliciavam com as suas brincadeiras nas horas do recreio; Escusado será dizer que  eu tentava compensar a minha ausência chorando ; Mas nem tudo era mau, pois conseguia um suplemento alimentar, sabem como? 
     Para isso amarrava uma cabra ou uma ovelha a um pinheiro e fazia a ordenha para um caqueiro da resina – nome dado  ao recipiente  para onde escorria a seiva dos pinheiros - e,  ao misturar o resto do pão, lá conseguia  uma refeição mais substancial; Outras vezes, ía ao pote das azeitonas – conduto da época-  e enchia os bolsos;  O pior era a água que escorria pelas pernas abaixo e era complicado  disfarçar a situação quando chegava à escola; Valia-me o facto de os meus colegas já estarem sentados e eu ter, como estudante polivalente, a desculpa  para poder ,quase sempre , ser sempre o último a chegar.
História verdadeira da Biblioteca Viva
 Boa Páscoa .

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