sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

VENTOS

VENTOS



Imagem tirada da Internet

 O vir hoje falar de ventos deriva do facto de, na minha aldeia, sendo eu ainda muito jovem, quando o trabalho era duro, as pessoas entendiam que a alimentação adequada antes de se iniciar as jornadas, de sol a sol, já que as pessoas iam para o trabalho, ainda as manhãs vinham do outro lado do mundo, eram as gemadas, vinho com ovos batidos e as sopas de cavalo cansado, pão novamente com vinho e daí ao não haver equilíbrio, para alguns era normal e frequente as pessoas caírem para o chão.
Durante as jornadas de trabalho era ainda hábito, periodicamente, para “ rincer le siphon “ – molhar a goela - a ingestão de mais vinho do que água.
 Como resultado, algumas pessoas embriagavam-se e nessas condições, admiradas do fenómeno que lhes estava a acontecer, perguntavam a si próprias:

O VENTO NÃO ZURRA
A MIM!! NINGUÉM ME EMPURRA,
EU CAIO NO CHÃO!
SOPAS  DE VINHO EMBEBEDARÃO ??

VENTOS SÃO TORMENTOS DÂO
I
GRANDES VENTOS
BÓREAS  E  NORTE SÃO VENTOS.
NÓTUS, SUÃO  E  SUL  VENTOS  SÃO.
EURUS, SOÃO  E ESTE  DÃO TORMENTOS,
ZÉFIRO  E  OESTE TORMENTOS DÃO.
II
VENTOS MENORES
KAIKIAS  A NORDESTE
ALPELIOTES A SUDESTE
LIPS A SUDOESTE
SIROCO A NOROESTE.

III

UMA QUADRA COM TANTO ESTE
FACILITA A VIDA AO POETA.
MEU DEUS!! O QUE DISSESTE,
PACIÊNCIA!  SAIU DA BIBLIOTECA !!

Fontes : Bóreas, Nótus,  Eurus  e  Zéfiro- Odisseia de Homero . Soão e Suão do Prontuário de Ortografia de António da Costa Leão. Parceria A.M.Pereira-Lisboa. Ventos Menores da Net.


abibliotecaviva.blogspot.pt

1 comentário:

  1. As chamadas sopas de cavalo cansado, era a aspirina das gentes rurais e não só, já que por inerencia também chegou ao meio citadino. Era uso do povo quando, os filhotes pertubavam, deitados nos seus precários berços eram calados com as tais sopas de cavalo cansado - que não eram mais que malgas de pão enbebido em vinho tinto. Já o ditador Salazar dizia que o vinho era o pão de um milhão de portugueses. Assim nasceu um país de gente adormecida desde o berço ! Parece mentira mas é um facto a existencia deste ancestral costume que vem dar jus às reais bebedeiras deste povo que carrega no seu ADN o gosto por esse nectar, que é o vinho. Cá por mim, também carrego tal tendencia já que adoro um bom copo do tinto alentejano, amadurecido em talhas de barro, de cor rubi, bastante encorpado! Os antigos romanos não eram parvos, pois, nos seus festins não dispensavam esse rico e sofisticado sumo.
    Por isso, caro Joaquim, achei interessantissimo este teu texto que, bem no fundo, dá nota de velhos costumes da nossa gente. Fizeste-o com uma arquitetura bastante original de que muito gostei
    Um abraço
    Helder Gonçaves
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